segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Não sabemos?




Do Semanário Expresso, com data de 27 de setembro de 2013



NOS NÃO SABEMOS VOTAR

Segundo um inquérito  do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, a maioria dos magistrados acha que nós não sabemos votar. Não me surpreendo nem perturbo com esta con clusão. Pelo contrário, subscrevo-a inteiramente. Por inerência das minhas obrigações de médico, oiço sempre as queixas dos meus doentes relativas às suas situações sociais, pois a saúde não é só a ausência de doença, como lembra a OMS, mas sim o bem estar físico, mental e social. A partir deste meu observatório, por onde já desfilaram milhares de seres humanos ávidos de atenção, vou ouvindo confissões que, por serem muito repetidas, me permitem concluir (tal como aos magisttados) que nós não temos cultura política e, consequentemente, não sabemos votar: ignoramos que, quando votamos num partido, nas eleições legislativas, estamos a contribuir com tês euros e tal para esse partido; não sabemos o que são listas uninominais; desconhecemos que a Constituição se autobloqueia a alterações propostas por iniciativa dos cidadãos; receamos o voto em branco porque receamos que nas mesas de voto alguém ponha a cruzinha por nós; achamos que os partidos não merecem confiança e queixamo-nos das taxas moderadoras, mas como "temos que ter quem nos governe", votamos nos do costume; os critérios para vermos qual é o menos mau tem a ver com reflexos condicionados próprios do consumismo, e não com o exercício da razão; recusamos votar num partido que nunca tenha governado porque, sem funda mentação, consideramos que são todos iguais, etc. E os resultados das nossas más escolhas estão à vista!

José Madureira, Porto

(Expresso, 27 de setembro de 2013, página 34)


E os resultados das nossas escolhas em Sintra?

E os resultados das nossas escolhas em Rio de Mouro?

E os resultados das nossas escolhas em Vale Mourão?




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