segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Rua Carlos de Oliveira


Carlos de Oliveira


Carlos Alberto Serras de Oliveira (Belém do Pará, 10 de Agosto de 1921 — Lisboa, 1 de Julho de 1981) foi um escritor português.

Nascido no Brasil, filho de imigrantes portugueses, veio aos dois anos para Portugal. Fixou-se em Cantanhede, mais precisamente na vila de Febres, onde o pai exercia Medicina. Em 1933 muda-se para Coimbra, onde permanece durante quinze anos, a fim de concluir os estudos liceais e universitários. Ingressa na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 1941, onde estabelece amizade, convívio intelectual e solidariedade ideológica e política com outros jovens, entre os quais Joaquim Namorado, João Cochofel ou Fernando Namora. Termina a licenciatura em Ciências Histórico-filosóficas em 1947, instalando-se definitivamente em Lisboa, no ano seguinte. Periodicamente volta a Coimbra e à Gândara. Em 1949 casa-se com Ângela, jovem madeirense que conhecera na Faculdade, que será sua companheira e colaboradora permanente.

Data de 1942 o seu primeiro livro de poemas, Turismo, que contava com ilustrações de Fernando Namora, e surge integrado na colecção Novo Cancioneiro. Em 1943 publicou o seu primeiro romance, Casa na Duna. Em 1944, o romance Alcateia, será apreendido, lançando nesse mesmo ano a segunda edição de Casa na Duna.

Em 1945 publica um novo livro de poesias, Mãe Pobre. Os anos 1945 e seguintes serão, para Carlos de Oliveira, bem profícuos quanto à integração e afirmação no grupo que veicula e aspira por um "novo humanismo", com a participação nas revistas Seara Nova e Vértice e a colaboração no livro de Fernando Lopes Graça Marchas, Danças e Canções – colectânea de poesias de vários poetas, musicadas por aquele, canções que vieram a ser conhecidas por "heróicas".

Em 1953 publica Uma Abelha na Chuva, o seu quarto romance e, unanimemente reconhecido como uma das mais importantes obras da literatura portuguesa, estando integrado nos conteúdos programáticos da disciplina de português no ensino secundário.

Em 1957 organiza, com José Gomes Ferreira, numa abordagem do imaginário popular os dois volumes de Contos Tradicionais Portugueses, alguns deles posteriormente adaptados ao cinema por João César Monteiro.

Em 1968 publica dois novos livros de poesia, Sobre o Lado Esquerdo e Micro paisagem e colabora com Fernando Lopes no filme por este realizado e terminado em 1971, Uma Abelha na Chuva, a partir da obra homónima. Publica em 1971 O Aprendiz de Feiticeiro, colectânea de crónicas e artigos, e Entre Duas Memórias, livro de poemas, pelo qual lhe é atribuído no ano seguinte o Prémio de Imprensa. Em 1976 reúne toda a sua poesia em Trabalho Poético, dois volumes, apresentando os livros anteriores, revistos, e os poemas inéditos de Pastoral, livro que será publicado autonomamente no ano seguinte. Publica em 1978 o seu último romance Finisterra, paisagem povoada de inspiração gandaresa, obra que lhe proporciona a atribuição do Prémio Cidade de Lisboa, no ano seguinte.

Morre na sua casa em Lisboa a 1 de Julho de 1981, com 60 anos incompletos.

Obras

Poesia

Turismo (1942);
Mãe Pobre (1945);
Colheita Perdida (1948);
Descida aos Infernos (1949);
Terra de Harmonia (1950);
Cantata (1960);
Micro paisagem (1968, 1969);
Sobre o Lado Esquerdo, o Lado do Coração (1968, 1969);
Entre Duas Memórias (1971);
Pastoral (1977).

Romance

Casa na Duna (1943; 2000);
Alcateia (1944; 1945);
Pequenos Burgueses (1948; 2000);
Uma Abelha na Chuva (1953; 2003);
Finisterra: paisagem e povoamento (1978; 2003).

Crónicas

O Aprendiz de Feiticeiro (1971, 1979).

Antologia

Poesias (1945-1960) (1962);
Trabalho Poético (1976; 2003).


Transcrito de “Wikipédia, a enciclopédia livre



Sobre o lado esquerdo

De vez em quando a insónia vibra com a nitidez
dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma:
partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua
harpa insuportável.

No segundo caso, o homem que não dorme pensa:
"o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim,
deslocando todo o peso do sangue sobre a metade
mais gasta do meu corpo, esmagar o coração".


Sobre o Lado Esquerdo é o título de um poema e de um livro onde a mutação da arte de Carlos de Oliveira se dá a ler de forma particularmente intensa. É agora também o título de um filme de Margarida Gil. O filme não procura ser uma ilustração da obra do escritor, mas inventa imagens que possam suportar, acolher e dar a ver a força das imagens do escritor.

O universo literário de Carlos de Oliveira é reconstruido em estúdio com os seus objectos pessoais e os seus manuscritos, e com Luís Miguel Cintra e Fernando Lopes, que o representam.

Sobre o lado Esquerdo” é a recriação do universo poético de Carlos de Oliveira para o cinema com textos de Carlos de Oliveira, guião de Manuel Gusmão e com os actores Luís Miguel Cintra, Fernando Lopes e Laura Soveral.


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